terça-feira, 3 de julho de 2012

Eu, borboleta


Descobri que as pessoas mudam o tempo todo. Você me pergunta: “Sério? Não sabia disso?” Ai, ai... Às vezes achamos que sabemos de coisas que, só depois de as compreendermos verdadeiramente, passamos a realmente saber. Tanto na ficção, quanto na realidade: nos filmes, livros, séries, na vida dos conhecidos e na nossa própria. Um dia sempre nos espantamos com algumas mudanças sutis antes não percebidas ou, também, com a capacidade que têm as pessoas de mudar.
As partes ruins das mudanças dos outros são, primeiro, quando elas não são verdadeiras. Segundo, quando são decorrentes da obtenção de algo e depois deixam de existir, o que denota uma falha de caráter. Pior é quando tudo isso é percebido em nós mesmos. Tenho estado atenta para que não encontre destas em mim.
Ainda assim, estou muito feliz entendendo que mudanças querem dizer progresso, auto-avaliação, percepção de que algo precisa ser melhorado ou, simplesmente, mudado. Fazendo uma analogia desta mudança mais relacionada à introspecção com a de um espaço físico, como de uma casa para outra, o que se pode extrair? Muitas vezes quando mudamos, não basta só transferir tudo que temos de uma casa para outra. A casa nova nem sempre tem espaço suficiente para os móveis que temos. Talvez uma parede ou outra precise ser derrubada ou levantada. Talvez o espaço peça uma cor diferente ou, até, a gente encontre novas possibilidades de disposição para cada coisa, a partir de um insight.
Quando estamos realmente dispostos a mudar, entendemos que eventualmente ou não temos de escolher deixar coisas para trás, porque as tais não têm lugar na nova vida. Pode ser que muitas precisem ser superadas, mas às vezes é muito difícil, ao ponto de termos que baixar degrau por degrau, ou tijolo por tijolo, até que virem escombros indesejados e o vejamos apenas como refugo. Ao contrário, muitas coisas também precisam ser construídas e, então, novas possibilidades servem de estímulo para criarmos relacionamentos pessoais, profissionais, realizarmos um grande sonho, levantar paredes e construir pontes. Mas, há o que só precise de vivacidade, cara nova, como uma amizade antiga, fortalecida pelo tempo de um modo que é tão natural, já nos acostumamos tanto, que melhor seria dar uma nova pintura nela. Ou um amor antigo que, por falta de coragem ou o que quer que seja, foi adormecido, desbotou um pouco, mas ainda dá a lembrança da cor que tinha. Limpe essa parede e esqueça ou ponha um tom de rosa e tente outra vez. Talvez seus sentimentos – ops! Sua mobília – não estejam favorecendo o espaço disponível e precisem de alguma reflexão para que sejam reposicionados. Cada coisa em seu lugar, é o que se diz...
Que ninguém se espante se demorar muito para mudar, mesmo sabendo que precisa... Saber é um bom caminho andado. Ter coragem para tal já é o melhor dos passos. Quisera-me saber desapegar tão fácil de coisas que estão tão entranhadas em mim que, mesmo sabendo o mal que fazem, parece que será a grande perda de um pedaço meu. Xô! E chegue mais, força de vontade! Não seja tão tímida...
Sabe o que é engraçado? Quando a gente se sente de tal forma incomodado por certa atitude de alguém, que começa a antipatizar com este. Se o espelho da razão e da reflexão te acompanham, ao olhar para ele perceberá a razão destes sentimentos de repulsa tão fortes. É o que precisas mudar em ti ou o que gostarias de ser. Sim, isto é muito sério. E vergonhoso, principalmente se deixas transparecer, porque aos que te observam pode parecer claro o despeito. Não saia sem o espelho!
Ah! Quando penso o quanto já mudei... E quanta coisa preciso urgentemente mudar! Para isto, peço a Deus sabedoria, como Ele tem me dado cada vez que peço, para entender o que preciso mudar em atitudes, sentimentos e pensamentos, como e quando fazer.
As mudanças muitas vezes doem, machucam, dão trabalho... Mas quando são para melhor, são belas. Desde o início destes escritos pensei na borboleta: tão feia enquanto lagarta, precisando de um momento a sós, reclusa, se reconstruindo, para definitivamente ser linda, livre e radiante, não se importando se é muito trabalho para ter tão pouco tempo enquanto borboleta. Até os momentos difíceis no período da mudança devem ser aproveitados, contemplados e refletidos, pois ensinam a viver o presente e deixar cada mal e cada bem para seu dia, até que chega a delícia da liberdade e as asas já estão fortalecidas o suficiente pelas intempéries para que possa voar e contemplar a beleza das flores.
Sou uma lagartinha construindo meu casulo. Não se espante quando eu me revelar bela e livre e forte, com toda minha sensibilidade.


27/06/2012

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